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ALEMANHA

Itapiranguense busca novos desafios no país germânico

Você já pensou em abandonar tudo aqui no Brasil e ir morar na Alemanha? Foi o que a jovem Alexandra Eidt Lauschner fez. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Unoesc, ela decidiu visitar a Alemanha e encarar novos desafios. Filha de Lisete Eidt e Valentim Lauschner, ela é natural de Itapiranga e está no seu segundo ano no país germânico. Em entrevista ao jornal, ela relata um pouco do seu dia-a-dia no país, trazendo informações, informando seus anseios e dificuldades, e também por que não falar das suas conquistas, alegrias e viagens:

FO: Como surgiu a oportunidade de ir pra Alemanha?

Alexandra: Foi por meados de outubro ou novembro de 2016 quando achei, navegando na internet, um programa de Intercâmbio Cultural chamado de Aupair. Este programa existe em diversos países como Estados Unidos, Holanda, Bélgica, Áustria, entre outros. Logo me interessei, então comecei a pesquisar a forma de funcionamento do programa. Pesquisei sobre os requisitos necessários e entrei em contato com a Agência do Aupair, indicada por pessoas conhecidas. Após resolver uma série de burocracias, obtive meu visto de residência pelo período de 1 ano.

FO: Como foi na primeira vez que você foi para a Alemanha?

Alexandra: O Aupair é um programa de intercâmbio cultural no qual uma família anfitriã (da Alemanha no caso) recebe o estrangeiro na casa dela. Ainda, é pago uma pequena mesada de 260,00 euros (acredite, com esse dinheiro se faz muita coisa) mais uma ajuda mensal de 50,00 euros para um curso em alemão, mais seguro de saúde cobrindo o valor de 30 mil euros, mais casa e comida. A única tarefa exigida em troca disso é você ajudar a cuidar das crianças da casa, ser uma babá em outras palavras (já que a família anfitriã só pode lhe receber se tiver filhos com idade inferior a 18 anos), e também ajudar nos pequenos afazeres domésticos. Meu ano de Aupair foi maravilhoso e recomendo a experiência para todo mundo. Tive uma família incrível e os filhos são até hoje meus amigos. Porém, trabalhei bastante, muitas vezes indo um pouco além das regras do programa quanto as atividades exercidas, mas isso tudo, sempre muito bem conversado e concordado em ambas as partes.

FO: Como funciona para quem quer encarar o mesmo desafio?

Alexandra: A Alemanha é um país que oferece diversas oportunidades para residir e trabalhar. Mas, para isso, é necessário ter um visto de residência, que tem várias modalidades:

- Casando com um cidadão alemão.

- Tendo a cidadania alemã ou de outro país Europeu.

- O visto de turista permite ficar por 90 dias (não pode trabalhar e nem estudar nesse período).

- Visto Aupair (o que eu tirei primeiramente): idade limite de 26 anos (27 podendo ser completados no país), solteira, sem filhos, e com nível A1 em alemão (é feito uma entrevista em alemão, em Porto Alegre, no Consulado Alemão), mais uma série de documentos disponibilizados em parte pela Gastfamilie (a família que irá te receber na Alemanha).

- Visto de estudante de idioma (não permite trabalhar).

- Visto preparatório para a Uni (exige dinheiro comprovado em conta bloqueada, algo em torno de 8.600,00 euros)

- Visto de estudante em Universidade (arrisco a dizer que é um dos mais difíceis a se conseguir, sendo que é necessário um alto nível de alemão e um alto valor em dinheiro em conta bloqueada).

- Trabalho voluntário: FSJ ou BFD.

- Visto Ausbildung: algo parecido com um curso técnico no Brasil. Porém o mesmo além de te dar uma profissão, paga um valor mensal (algo em torno de 400 a 860 euros, esse valor podendo variar do início até o final do curso, levando geralmente 3 anos e meio de curso).

- Visto de procura de trabalho: somente para quem tem diploma universitário, mais quantia de dinheiro para se manter no período de 6 meses (tempo de duração limite do visto).

- E, por último, que é o visto que eu atualmente tenho é o Visto de Trabalho. Ao meu ver é o mais difícil a ser tirado, já que é necessário: idioma nível C1 (no mínimo), diploma universitário traduzido e juramentado por Juramentador Alemão, experiência na área, sua vaga de trabalho deve se encaixar em uma série de regrinhas que o Ministério do Trabalho impõe, sendo a principal delas o fato de não podermos tirar vaga de trabalho de europeu ou alemão, sendo assim, se a empresa tem interesse em lhe contratar, é necessário um documento que comprove que apenas você pode ocupar aquela vaga de trabalho. Além do órgão para estrangeiros da sua cidade lhe dar em torno de 4 documentos a serem preenchidos por você e pela sua futura empresa/escritório/firma. E por último, um salário mínimo que deve ser aprovado pelo Ministério do Trabalho.

Esses são alguns vistos que eu tenho conhecimento, para isso recomendo a pesquisa no site do Consulado Alemão de Porto Alegre (que é onde residentes de SC tiram seu visto).

FO: Quanto tempo você pode ficar lá? Qual a documentação necessária?

Alexandra: Meu atual visto permite que eu more aqui e usufrua de todos os meus direitos como cidadã, assim como, cumpra meus deveres, até abril de 2021. Após esse período posso renovar o meu visto (sem a série de burocracias extensas já antes vistas).

 FO: O que você faz na Alemanha? Trabalho? Estudos?

Alexandra: Atualmente trabalho em um escritório de Arquitetura na região Sul da Alemanha. Resido em uma cidade com em torno de 50 mil habitantes, chamada Ravensburg (também foi a cidade do meu ano de Aupair). Trabalho no escritório com mais dois chefes alemães que são arquitetos. Irei reiniciar meus estudos no idioma alemão no início do próximo ano letivo daqui (setembro), pois quero fazer um mestrado e para isso preciso melhorar meu idioma alemão.

FO: Qual a maior motivação por você ter optado em ir morar no exterior?

Alexandra: Vim para cá com o objetivo de ficar apenas um ano de Aupair, não imaginando da possibilidade de continuar a morar no país, muito menos em trabalhar na minha área de formação. A Alemanha é um país incrível e poder morar, viver e trabalhar aqui é um privilégio. É um país seguro e organizado, com os seus problemas, como qualquer outro, porém te oferece possibilidades de crescimento pessoal e profissional.

FO: Quais as dificuldades e desafios?

Alexandra: Sem dúvida nenhuma, a maior dificuldade é o idioma. O alemão é um idioma extremamente complicado. Claro, com paciência pode-se aprender, porém com várias regras e uma pronúncia por vezes meio grossa. Além disso, o maior desafio é aquilo que todos os brasileiros residentes fora do país mais sentem: a saudade. A saudade é aquilo que nos acompanha diariamente por aqui. Ah, já ia esquecendo, o inverno é também algo desafiador. Extremamente frio, com temperaturas beirando desde os 2 graus até 17 negativos (a temperatura mais fria que já peguei estando aqui).

FO: Como os brasileiros são vistos por lá?

Alexandra: Depende muito para quem essa pergunta é direcionada. Se eu perguntar isso aos meus amigos alemães, com mais ou menos minha idade, irão responder prontamente que o Brasil é o país de mulheres bonitas, é o país do futebol, das praias, do sol e calor, e a cidade mais lembrada é o Rio de Janeiro. Já se a pergunta for direcionada, por exemplo, para o meu chefe alemão ou minha antiga Gastfamilie, irão responder que o brasileiro é um povo alegre que sempre está de bem com a vida. O que estraga a imagem dos brasileiros ou do próprio país aqui fora, é a política e o famoso jeitinho brasileiro que muitos querem dar ao vir para cá, muitas vezes burlando leis ou permanecendo na ilegalidade no país.

FO: Ao que se percebe, é mais fácil viajar para outros países quando se reside na Europa. Como isso funciona? Quais países você visitou?

Alexandra: A Europa, em extensão territorial, é um pouco maior do que o Brasil. Assim sendo, enquanto nós precisamos de 5 horas de avião até ir para o Amazonas, aqui em 5 horas eu estou na África, Ásia ou quase chegando no Pólo Norte. Além de que praticamente 100% do território europeu possui malha ferroviária, posso sair de trem da minha cidade e ir até Roma, Barcelona, Paris ou Amsterdam, mas o uso do trem não é uma opção barata de viagem.

No ano de Aupair a gente aprende como viajar barato, já que nossa mesada é destinada exclusivamente ao nosso lazer e particulares. Os ônibus funcionam perfeitamente, são pontuais e as estradas são muito boas. As passagens, se bem pesquisadas, costumam ser baratas. Com 20 euros, por exemplo, posso ir daqui da minha cidade até Paris na França, ou com mais 20 euros vou a Amsterdam, na Holanda. Existem também empresas Low Coast de avião. São empresas extremamente baratas, pois os aviões são menores e não oferecem serviço de bordo. Fui para Londres no Reino Unido, em agosto, e gastei 47 euros com passagem de ida e volta. Algumas amigas já pagaram 26 euros ida e volta, tudo depende do mês e da antecedência da compra.

Até o momento estive em 11 países. Em fevereiro fui para a África, aonde passei uma semana em Marrocos. Visitei ainda pontos turísticos da Alemanha, Suíça, Áustria, Liechtenstein, Holanda, Bélgica, Inglaterra, Itália, Grécia (meus país preferido e com certeza minha melhor viagem) e na França.

Os próximos países a serem visitados serão aqueles que consigo visitar em um final de semana, devido ao tempo que tenho disponível e minhas férias serem final do ano, quando irei ao Brasil novamente. Estão na lista de visitas a República Tcheca e Hungria, além de uma série de lugares aqui por perto que chego facilmente em 2 ou 3 horas de carro. A viagem mais elaborada e antecipadamente programada é para as Maldivas (provavelmente junho do ano que vem).

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