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Do Oiapoque ao Chuí: ciclista de Itapiranga percorre 5100 km

Percurso foi feito em 36 dias

Você já imaginou atravessar o Brasil, do extremo Norte aos confins da região Sul, em menos de 40 dias? E um detalhe: de bicicleta! Essa marca foi batida pelo Itapiranguense Doraldino Walker, que, após fazer esse trajeto de mais de 5100 km em 36 dias, busca o reconhecimento entrando para o recorde brasileiro para esse percurso.

A expressão ‘do Oiapoque ao Chuí’ já foi tema de músicas, título de livro, percurso de maratona e, até mesmo, nome de dupla sertaneja. Trata-se de uma referência a dois extremos territoriais do Brasil (do Norte ao Sul).

Em uma jornada épica, Doraldino, popular Dino, fez o trajeto de bicicleta ligando as cidades de Oiapoque, no Amapá, e Chuí, no Rio Grande do Sul. Essa aventura desafiadora proporcionou uma experiência única de superação e muita história para contar.

Sem carro de apoio ou qualquer suporte logístico, Dino partiu sozinho no dia 12 de junho de avião até o Macapá, no Amapá, e de lá foi até o Oiapoque de ônibus. Lá, na rodoviária, montou sua bicicleta com as ferramentas que havia levado na bagagem junto com a bike desmontada. No dia 13, conheceu a cidade de Oiapoque e visitou o país vizinho, Guiana Francesa.

Em 14 de junho, Dino partiu para o primeiro dia de uma pedalada mais intensa de 150 quilômetros. “Mantive uma média diária acima de 120 km. Em alguns trechos, cheguei a rodar mais de 200 quilômetros em um único dia”, comenta.

Essa aventura não é muito comum entre ciclistas, pois se trata de um enorme desafio, que poucos se dispõem a fazer. Servidor público há 19 anos no município de Itapiranga, Dino sempre gostou de esporte, pratica corridas e pedala com frequência.

Durante sua jornada, Doraldino conheceu várias localidades, culturas e realidades diferentes, afinal, ele atravessou o país! Entre umas das localidades destacadas pelo ciclista, está a cidade de Afuá, localizada no Arquipélago de Marajó, estado do Pará, no norte do Brasil. Construída em cima de palafitas de madeira devido às cheias do rio Amazonas, o código de posturas do município proibiu, em 2002, o uso de qualquer veículo motor, incluindo elétricos, em suas ruas. Lá, todos, sem exceção, têm a bicicleta como meio de transporte. 

“A cidade, cercada por água e com ruas que se transformam com as marés, se tornou um destino turístico singular. A maré, que trabalha em ciclos de 12 horas, alterna entre inundar as ruas e deixá-las secas, criando uma experiência única para os moradores e visitantes. Foi algo que chamou muito a minha atenção nessa viajem”, pontua Dino. Partindo do Oiapoque, o ciclista encontrou uma área de 100 quilômetros sem asfalto, onde a estrada era de chão batido, em uma região de reserva indígena.

PERIGOS NA ESTRADA

No estado do Pará, o ciclista enfrentou perigos nas estradas. Caminhões grandes e movimento intenso tornaram a viagem arriscada. A falta de acostamento e a infraestrutura precária contribuíram para a sensação de insegurança. Ele relembra um susto quando um caminhão passou muito próximo, quase o atingindo. “Já fiz viagens de bicicleta na Argentina e no Uruguai, por exemplo. Lá, o respeito aos ciclistas é notável. Os motoristas freavam para dar passagem e tratavam os ciclistas com consideração. Essa diferença cultural sempre chama minha atenção e me fez refletir sobre meus próximos destinos de viagem”, destaca.

Outra dificuldade destacada pelo ciclista foram as intempéries climáticas. “De São Paulo para cima enfrentei calor intenso, mas chegando próximo da região Sul, peguei uma semana inteira de chuva e frio. Teve um dia que tive que parar em função da chuva, voltando a pedalar só no dia seguinte”.

ESTRATÉGIAS DE ROTA

Ao planejar sua trajetória, o ciclista mapeava as cidades entre 130 e 160 quilômetros de distância. “Eu escolhia o caminho mais curto, otimizando minha rota. O uso do Google Maps para encontrar hotéis na próxima cidade era uma ótima estratégia. Fixar alfinetes no mapa ajudava a visualizar o percurso”, ressalta

A logística de uma viagem tão longa e desafiadora como essa é realmente impressionante. Dino levava na bagagem de 20 kg apenas o essencial: uma calça social para sair, duas bermudas, duas camisetas para uso casual, duas mudas de roupa específicas para pedalar e itens de higiene pessoal, como escova e pasta de dentes.

“Ao chegar no hotel, lavava minhas roupas no banheiro, usando sabão em pó, item que também levei na bagagem. Eu pendurava as roupas no quarto e, na manhã seguinte, elas estavam secas e prontas para uso”.

Entre Macapá e Belém, onde não há estrada, Dino fez uma parte da viagem de barco. Esse trecho durou 24 horas. “Passei por várias cidades ribeirinhas, pelos rios da bacia amazônica. As comunidades ribeirinhas vivem ao longo desses rios, muitas vezes em áreas remotas e isoladas. O transporte fluvial é essencial para eles, já que não possuem acesso a estradas ou carros. A colheita do açaí e do camarão, bem como a pesca, são fontes vitais de subsistência para essas comunidades. Foi muito interessante conhecer essa realidade de perto”.

Começar cedo era essencial para Dino atingir sua meta, ele iniciava por volta das 7h da manhã e pedalava até por volta das 3h30 ou 4h da tarde, com exceções em alguns dias. “O mais difícil foi manter essa disciplina e rotina diária de pedalada, principalmente depois do 20º dia. Cada novo dia era uma superação”.

BATENDO O RANKING BRASIL

Durante a viagem, Doraldino descobriu através de amigos a existência do Ranking Brasil para esse trajeto específico. O recorde anterior era de 41 dias, estabelecido por um tio e um sobrinho. Além disso, um corajoso senhor havia completado a jornada sozinho em 47 dias. Determinado a superar esses tempos, Dino traçou sua meta.

Com 19 dias de pedalada no estado do Tocantins, já havia percorrido metade do caminho. Ele decidiu que poderia concluir a jornada entre 35 a 38 dias, buscando o reconhecimento no ranking nacional. Achuva e outros desafios climáticos o fizeram levar 36 dias para completar o percurso.

Doraldino já enviou os comprovantes de sua jornada para a central do Ranking Brasil. Usando o aplicativo Strava, ele registrou cada quilômetro pedalado. Agora, resta aguardar para ver se seu recorde será oficialmente reconhecido, recebendo inclusive premiação pelo feito.

“A bicicleta oferece um conhecimento diferente do que um carro. Você realmente vivencia os lugares, observa a beleza das paisagens e se conecta com o ambiente. Chegar ao destino, superando desafios e adversidades, é uma das partes mais gratificantes de qualquer jornada. Além disso, o orgulho de bater recordes e a satisfação de completar um trajeto são sentimentos especiais”, finaliza.

| Luane Diehl (Força d'Oeste)

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